DESCRIÇÃO DO MÉTODO SMED, SEGUNDO SHINGO

No relato da criação do método SMED, Shingo distingue três etapas para o desenvolvimento da metodologia que foi concebida ao longo de 19 anos (SHINGO, 1985).

Shingo distingue em três etapas o método SMED…

A primeira etapa ocorreu na planta da Mazda Toyo Kogyo em 1950, na cidade de Hiroshima. Ao analisar as atividades de troca de matrizes de uma prensa, Shingo assim identificou e classificou como setup interno o conjunto de atividades realizadas com a máquina parada, e setup externo como o conjunto de operações realizadas com máquina em funcionamento.

A segunda etapa foi no estaleiro da Mitsubishi Heavy Industries, em Hiroshima no ano de 1957, na qual foi realizada a duplicação de ferramentas para que o setup fosse feito separadamente, gerando aumento de 40% na produção. Conforme relato do autor, apesar da euforia com o resultado, esta etapa de trabalho não contribuiu diretamente para formar o corpo da metodologia.

Por fim, a terceira e última etapa ocorreu em 1969 na Toyota Motors Company, em que cada operação de setup de uma prensa de 1.000 toneladas exigia quatro horas de trabalho, enquanto que uma prensa similar na Volkswagen exigia apenas duas horas. Portanto em uma primeira fase de seu trabalho de consultoria, Shingo conseguiu uma redução desse tempo para 90 minutos.

Após exigência da diretoria da Toyota….

Após exigência da diretoria da Toyota, aplicaram-se mais esforços na redução do tempo, gerando o conceito de conversão de setup interno em setup externo, isto é, a transferência de algumas atividades com a máquina parada para o momento que esta estivesse em funcionamento.

Dessa forma, houve uma considerável redução do tempo da máquina parada para apenas três minutos. Dessa forma, Shingo criou sua metodologia, que na versão em inglês recebeu a sigla SMED, iniciais de “single-minute exchange of die”. Entretanto, esta sigla traz aglutinado um conceito e uma meta de tempo: troca de matrizes em menos de dez minutos.

Método SMED

Estágio Preliminar método SMED: setup externo e interno não diferenciados

Durante o estágio preliminar é preciso definir as tarefas e cronometrá-las. Para isso, primeiramente, deve-se listar todas as atividades necessárias para a realização da troca de ferramenta ou matriz, descrevendo todas as atividades detalhadamente e cronometrar o tempo gasto para a realização de cada uma delas, e assim, definir o tempo médio de execução e o responsável por executá-la.

Portanto as ferramentas mais utilizadas nessa etapa são: observar o posto de trabalho, realizar uma filmagem da operação, e realizar um check-list das atividades da operação.

Estágio 1: separando setup externo e interno

Após identificar todas as atividades deve-se separar o setup interno e externo. O setup interno diz respeito a todas as atividades do setup que só podem ser realizadas com a paralisação do equipamento. E o setup externo são as tarefas que podem ser realizadas com a máquina em funcionamento. Assim segundo Shingo:

 “[…] se for feito um esforço científico para realizar o máximo possível da operação de setup como setup externo, então, o tempo necessário para o interno pode ser reduzido de 30 a 50%. Assim, controlar a separação entre setup interno e externo é o passaporte para atingir o método SMED. ” (SHINGO, 1985).

Nessa etapa, identificam-se os setups internos que podem ser transformados em setups externos, como por exemplo, os tempos de preparação para o setup e transporte de ferramentas. O intuito é que o setup interno seja exclusivamente para a remoção de uma ferramenta e recolocação de outra; assim a máquina ficará parada o menor tempo possível.

Estágio 2: convertendo setup interno em externo

O estágio 2 consiste na conversão dos setups internos identificados anteriormente em setups externos. Portanto, geralmente os tempos convertidos são tempos de procura de ferramenta, tempos de espera e tempos de posicionamento, ou seja, tempos gastos na preparação para a realização da troca de ferramenta e matrizes na máquina.

Portanto, deve-se preparar o ambiente e as condições operacionais para a realização do setup antecipadamente, e padronizar-se as atividades a serem realizadas antes do início da troca de ferramenta.

Estágio 3: racionalizando todas as operações de setup por SHINGO

SHINGO (1988) define o estágio 3 como “melhoria sistemática de cada operação básica do setup interno e externo”. Sendo assim, deve-se tentar reduzir não somente o setup interno, mas também os tempos de setup externo. Assim, faz-se necessário avaliar constantemente os tempos de setup sob o aspecto do método SMED, sempre tentando reduzir esse tempo ao máximo.

Como maneiras de racionalizar os tempos de setup, SHINGO (2000) propõe o uso de alguns dispositivos como por exemplo: parafusos de uma volta, furos de encaixe em forma de pera, arruela em forma de U, fixadores com rosca fendida e grampos de funcionais.

Método SMED - Shingo

Pode-se assim afirmar que o principal ganho dessa ferramenta é a redução do estoque da empresa, o que garante uma economia significativa, já que reduz o custo do estoque no geral, o custo de armazenamento e o custo com perda de peças devido à deterioração dos itens.

O método SMED só é possível se houver contribuição dos operadores!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OHNO, T. O sistema Toyota de Produção. Além da produção em larga escala. Trad. Cristina Schumacher, Porto Alegre. BOOKMAN, 1997.

SHINGO, S. A Revolution in Manufacturing: The SMED System. Productivity Press. Cambridge, MA, 1985.  

SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção – do ponto de vista da engenharia de produção. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

SHINGO, S. Sistema de troca rápida de ferramenta: uma revolução nos sistemas produtivos. Porto Alegre: Bookman, 2000

TÚLIO MARTINS

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